sexta-feira, 21 de maio de 2010

ciclo eterno

O universo em expansão.
De tamanho relativo.
Partindo de um ser humano, como classificamos graus de relativismo? O que é mais objetivo ou subjetivo? Por que objetivamos conscientemente? Por que o instavel se torna desconfortável?

Começarei das últimas às primeiras. Assim se torna mais fácil de analisar.
Já pondo em questão o caráter subjetivo de "analisar"...
1. Nós, seres humanos, somos seres sociais, ou seja, nos constituimos através do outro. Isso requer 4 explicitações:
a) Apesar de indivíduos - dotados de toda fisiologia capaz de funcionar, viver - necessitamos do outro para categorizar nosso próprio eu. Ou seja, para fazer sentido que sou um ser humano, há de ter outro ser humano (de espécie semelhante), para não me tornar um "alienígena".
b) Apesar de indivíduo, nossos 10% de cérebro utilizaveis não são o bastante para constituir todas as capacidades básicas de sobrevivência. Ou eu ajo, ou penso, ou caço, ou cuido da minha saúde, ou invento, ou faço arte, ou me masturbo, ou planto, ou me protejo do frio, que seja, ou uma série dessas coisas, mas não todas.
c) Apesar de indivíduos, se considerarmos que precisamos preservar a espécie, há de ter outro indivíduo de sexo oposto para reproduzirmos.
d) Ao sermos um único indivíduo, concentrarmos todas as questões da vida, faria nosso cérebro explodir.
2. Sendo seres sociais, necessitamos de veículos de comunicação, pois deve haver um método de transmissão da mensagem ao outro.
a) Como faríamos para expressar a comparação com o outro, a separar funções, dividir questões? Ainda não inventaram uma máquina de transmissão de pensamento.
3. Para a comunicação, necessitamos classificar o universo, simbolizá-lo, objetivá-lo para conseguir transmitir a mensagem ao outro. Classificamos, simbolizamos, objetivamos.
4. Este processo requer uma certa ordem de importância. Classificamos antes o que mais nos aflige, o mais necessário a transmissão. E assim vai indo... Classificamos, primeiramente, porque estamos aqui, em seguida, para onde vamos, e logo após, vendo que a questão de estar no mundo não foi de livre arbítrio, classificamos o que é ser feliz, o que é prazer, o que traz felicidade, o que traz mais prazer, como aproveitamos o máximo esse mundo no qual estamos inseridos. Então o medo entra em cena. O medo da dúvida de o que vai ser depois, quanto tempo temos, medo de morrer, o que existe depois da morte. E então classificamos. Se for muito dificil classificar, mistificamos, simbolizamos. E por fim, nos confortamos e acordamos no outro dia mais tranquilos.
5. Partindo da objetivação do mundo, se cria o subjetivo, e a partir da capacidade do homem tem de raciocinio, descobre-se que, talvez aquele conceito de antes não é verdadeiro, então descobrimos o relativo, desmistificamos. Essa fase é muito dificil, pois é como começar do zero depois de muito tempo. Vocês nao tem ideia de como essa fase é dificil. Tão difícil que ela existe ainda hoje muito forte, e talvez nunca deixará de existir.

Muitos optam por não enfrentar a dúvida, e para isso, objetivam cada vez mais sua vida. Desconstroem possiveis caminhos. E, individualmente, se forçam a criar escudos próprios, personalidades, identidades, estabilidades. Se resumem tanto que isso passa ser o objetivo da vida humana. Nós, seres humanos, nascemos e desenvolvemos dúvidas, crescemos e classificamos ela, até chegar uma fase da vida que o alívio, o orgasmo, o pico do prazer, é a nossa auto-definição. E dela, nos agarramos de pé a cabeça, lutando muito contra a sua separação.
Isto move moinhos, cria-se grupos comuns com objetivo de expandi-lo, porque, como já vimos, quanto mais vemos o conscentimento de outros, mais nos auto-afirmamos. E para quem não conscente, passamos a odiá-los. Afinal, como pode haver gente que pense ou viva ao contrário de tudo aquilo que lutei pra conceituar, classificar, simbolizar na minha vida? Eles só podem estar errados!

Então, ao descobrirmos que cada um é diferente do outro, necessitamos de uma ferramenta contra a "auto-loucura". E essa chamamos de relativização. Subjetivamos o que não conseguimos explicar. Criamos até grau de subjetivações. Deixamos de ser tão intoleráveis e etnocêntricos para vivermos em paz com nosso vizinho. Porém retomamos o ciclo, quanto mais subjetivamos, mais relativizamos, mais entramos no caos interno de desespero e crise.

Portanto, acho que é um eterno ciclo. Relativizamos para aceitar o outro, objetivamos para aceitar o eu. O equilibrio, poucas vezes no mundo (se não nunca) atingidos é a criação de categorias coletivas e ao mesmo tempo do conscentimento com a diferença. Será que tais conceitos se repelem e viveremos na guerra eterna??? Por favor uma luz! Alguem me ajude a equilibrar o universo!

terça-feira, 18 de maio de 2010

insistindo na "humanidade"

Homem: maior predador da terra.
Sua arma: razão
Seu método: religião
Suas algemas: sociedade
Sua excepcionalidade: a arte.

O que nos difere é o fato de nao conseguirmos deixar uma parede em branco sem que a pincelemos.
Com isso, nossa insatisfação aumenta, nossos prazeres dificultam-se.
O mundo não sacia a todos, por isso disputamos com nós mesmos as poucas paredes brancas e o nosso predadorismo se interna e, cavando nosso interior, vendemos nossa alma, vendamos nossa consciência e nos colocamos no centro do universo.

Carta ao pai

Parece que temos muito a dizer porém nada a falar.
A necessidade do sincero ao mesmo tempo do escondido.
Vergonha mútua? Pode ser...
Mas, por que?
Talvez medo...
Não. Medo com certeza! Medo de quebrarmos os paradigmas paternais.
Queremos esse tipo de relação? Creio que não.
Mas há uma barreira entre nós que nos impede de assumirmos. Autoridade X Liberdade.
O medo de repetir os erros do passado. Mal sabe ele que freiar a naturalidade o faz retomar o passado dele na posição de filho.
Talvez ele não saiba que quero comunicabilidade.
O meu silêncio o incomoda. O medo de minhas palavras me incomoda.
Silêncio atordoante. Que faz tremer. Silêncio incômodo que se quebra com mias uma desistência.
Cada um para um lado. Ciclo vicioso.
O que precisamos? Os segredos precisam nos deixar. Nos expelir.
Só necessitamos de um disparador. Mas que disparador é esse?
Muito próximos e ao mesmo tempo muito distantes.
Me deprimo em não poder falar. Se deprime em não conseguir ouvir.
Nossas palavras são representadas em tapinhas nas costas.
Não passa disso.
Qual é a dele? Será que não percebe minha angústia, minha depressão?
Ou será que se satisfaz sabendo que estou lendo todas as noites? Acho que nem ele sabe...
Se ocupa demais com preocupações. Esquece de viver. Pensar.
Talvez porque nunca aprendeu a viver e se divertir com limites.
No entanto, se bloqueou de vez. E só lhe restou o stress.
Até o amor desaprendeu a expressar. O amor próprio, principalmente.
Gostaria de ajudá-lo. Mas ainda há o bloqueio.
E o paradeiro da chave é misterioso. Nebuloso.
A única coisa que sei é que possuo, junto com alguem que nem o sabe, a fraca luz da sua vontade de viver.
E eu não sei o que fazer com ela. Afinal, nem sei o que fazer com a minha.

vida boa

"levantam-se cedo porque têm muito o que fazer,
e vão dormir cedo porque não têm nada o que pensar."

Oscar Wilde

interior

De passo a passo vou para o interior.
Onde lá posso ver os céus
Sentir o cheiro da chuva
Sentar com gente humilde
Estar perto do que me dá energia.

Interior anestesiado do vício da impessoabilidade
Do costume cômodo da desumanidade
Do anonimato da gente da cidade
Que andam na rua sozinhos, na rua cheia,
No formigueiro da incomunicabilidade

No interior posso ser eu,
Longe das câmeras de julgos morais da sociedade
Sentar pra tomar café com gente que são elas mesmas
E por mais isoladas que sejam
Se comunicam, se humanificam, se pessoalizam

Vivem suas vidas mansas com pretenções limitadas
Aproveitando o presente, não o futuro.
O presente que lhes deram que é precioso pra qualquer ser humano: a vida.

Estou chegando no interior
No interior de mim mesmo
Pra ver se me torno mais humano
Mais ser vivo
Vivo

Será que chego?

rabiscos espontâneos

Ps.: desenvolver melhor isso...

Uma pessoa que compreende a essência humana e sua natureza e opta, contra a maré, em ser puro e fazer o bem, é um eterno sofredor cuja mágoa provoca a desistência da vida.
Aquele que é fraco se corrompe.
Mas aquele que não é, vive pra sempre só, e o mais puro dos seres humanos vive sozinho e se torna um suicida-vivo que não desiste da vida.

a arte salva?

"O artista busca com sua obra recuperar em parte o que foi perdido.
[...]
A arte nos dá a chance de repetir o jogo. Devemos procurar no mundo da ficção, na literatura e no teatro um substituto para aquilo que foi perdido na vida... Também é lá, somente, que pode ser preenchida a condição que nos permite uma reconciliação com a morte"

Sigmund Freud

(des)humano

textos antigos

Está escrito no velho livro que o papel do homem no mundo é fazer o bem. E a cada bem que fazemos, nossa alma se eleva para que depois possamos viver eternamente no paraíso desfrutando dos prazeres espirituais.
Isso soa lógico?
Para muitos é contraditório o fato de pregarmos o bem para somarmos nossos pontos-bônus na nossa alma que resulta na posse das chaves da suíte presidencial do mundo dos céus.
Repito, isso é lógico? Faz sentido? Não sei se lógico, mas faz todo o sentido. Nós, ateus graças à deus, vivemos desta mesma lógica. Só mudamos o cenário. Em vez de pensarmos na nossa suíte pós-morte, fazemos o bem para alimentarmos nossa consciência que, por fim, nos assossega.
É triste pra muita gente o que eu digo, mas o ser humano por natureza é um predador como todos os animais que tem por fim preservar a espécie; dotados da nossa super-arma, a que chamamos razão, na qual sem ela, somos mais frágeis do que insetos, que nos serve como destaque para dominarmos os outros seres, a nós mesmos e até nossa consciência. Mas como viver de consciência limpa e escondermos essa nossa fragilidade que atormenta qualquer ser pensante que quer se manter existindo? O contrapeso a qual chamamos de bem.
Matamos, porém ajudamos. Mandamos matar, mas não matamos. Destruimos, porém concertamos. Classificamos como inutil, para depois destruir. Odiamos, porém amamos. Amamos a nós mesmos, para amarmos o próximo. Dominamos, porém nos defendemos. Criamos a legítima defesa, para depois dominarmos.
Fazemos o bem para que ocultemos que somos na verdade maus. Acumulamos nossos pontos que abafam nossa condição podre de seres. Seres humanos.
Matar é mau? Mas entre matar ou morrer o que escolhemos? Queremos preservar o mundo ou a nós mesmos? E por que decidimos que matar é mau? Por sermos morais por natureza ou para preservar a nossa segurança e a segurança da nossa familia, evitar o caos?
Somos o lobo mau, o próprio demônio que criamos como conceito. O ser humano é desumano.
E eu sou só mais um. Sou pecador, pois trago a verdade. Por ser um (des)humano assumido.

Desesfere-se

textos antigos.



De esferas agudas surgimos e nelas enclausuramo-nos.
Escravos do tempo, do acento, me rendo...
Levando chibatadas do cotidiano.
"teu corpo é meu, guarda tua existência no baú dos teus sonhos mais profundos e de lá não a tire!"
Preso ao meu mundo mental, a alma se desconecta do corpo externo e se perde nos labirintos sensoriais. Onde está ela?
Não faço idéia... Provavelmente conhecendo chapeleiros malucos em busca de um coelho qualquer.
Ao corpo me resta reagir. Reagir em lágrimas de protesto ou com gritos no escuro.
Através do sentir, chego perto do gatilho até que uma voz suave encontra a lateral de minha face e murmura:
"não desespere-se, desesfere-se"