quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

asas que coçam

sim, parti.
como se criança me tornasse denovo, engatinhando na calçada esperando que pernas cresçam. o tempo não faz mais sentido agora.
sim, voei.
asas demais não cabem no solo, viajante me tornei. porque viajante não tem casa, viajante tem ninho.
sim, mudei.
aventuras são para todos. vou caçando meus sonhos como se fossem borboletas. como naquelas horas entre sono e sonho em que fisgamos um pedaço de (ir)realidades.
sim, assinei.
assinei o contrato e doei minha alma ao mundo, para que flutue com mais incertezas, para que magnetize os detalhes das ruas, dos ares.
sim, ousei.
resisti o que dizem ser o mais seguro. minha segurança está nas estrelas, a desocupei de meu corpo para dar mais espaço ao amor.
sim, deixei.
deixei lágrimas de saudade nos poros de minha cidade, para que um dia possa retornar e abraçar cada ser que me (des)construiu, cada ser que um dia me fez chorar e lembrar que eu existo.

no dia em que vim me embora

No Dia Em Que Eu Vim-me Embora

Caetano Veloso

No dia em que eu vim-me embora
Minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui
E eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me embora
Não teve nada de mais
Mala de couro forrada com pano forte brim cáqui
Minha vó já quase morta
Minha mãe até a porta
Minha irmã até a rua
E até o porto meu pai
O qual não disse palavra durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho
Vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo
Nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala de couro que eu carregava
Embora estando forrada
Fedia, cheirava mal
Afora isto ia indo, atravessando, seguindo
Nem chorando nem sorrindo
Sozinho pra Capital