segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Prefácios ou dedicatória de si

Na narrativa de si estamos sempre no meio. O movimento da vida são as correntezas por onde navegamos o corpo nunca ancorado em terra. O porto de partida nada tem de ponto de partida e o porto de destino há se ser imaginado.

Assim, encontramos a força motriz de evitarmos os monstros marinhos da projeção, desviarmos das tempestades intempestivas. Curarmos o escorbuto da solidão, ou apenas afagarmos suas feridas.

Certo dia o horizonte nos agraciará com excelentes alvoreceres. A aurora será sempre singular para cada ponto cardial sonhado, pois cada lua nascida nos modificará ao ponto de travar novamente um retorno aos nossos pensamentos.

A escrita de uma dedicatória implica em uma dedicação, um empenho. Dedicar-se a si mesmo - eis a escrita do sobrevivente que deriva em alto mar na esperança de novos arquipélagos, novas cartografias.

Que o percurso das narrativas se prefaciem no meio da obra. No meio da imensidão dos oceanos. Que a nossa infimidade expanda os mares e a distância dos portos. Que a nossa condição de navegante nos infinite por dentro.

É isso que dedico a mim mesmo a cada milha do corpo explorada, porém nunca colonizada. E todos os porvires dos mergulhos, das profundezas, para que minha pele vire musgo de outros corais.


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Beija a mim

A verdade virá acusticamente. Não deixemos que vire palavra. A verdade virá acusticamente. Não deixemos traduzirem-la. A verdade virá acusticamente. Acusticamente, prestem atenção.

O revolucionário é um colecionador de futilidades singulares;
O colecionador é um revolucionário da fragmentação da história;
As futilidades são as não-utilitaristas do capitalismo;
O capitalismo é uma grande máquina de incinerar futilidades singulares.

por sua vez... de suas próprias cinzas são os pilares que o ergue.

O Poeta é um fútil singular. O descarte do mundo tem repouso na sua escrivaninha;
O Poeta canta seus poemas na imaginação antes de tornar papel
(acusticamente)

e se utiliza de fragmentos de história e memória para compôr.

O Poeta é um revolucionário;
O Poeta é um colecionador;
por vezes dores...

e a verdade, assim, virá.