sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Paradoxos

juventude...
interessante como o tempo linear que categorizamos está repleto de paradoxos.
isso me faz questionar a existência de possíveis outras noções.
a primeira vez, nessa  lógica, se põe anterior a última vez.
porém, quando estamos aqui vivendo um presente, ao nos referirmos a última vez, eventualmente ela se materializa enquanto uma experiência passada. "a última vez que fui até lá, o último livro que li, minha última experiência". Difícil assumirmos a responsabilidade - dentro de nós - de evocar que algo futuro será a última vez.
a primeira vez já é uma expressão que nos exige mais cautela.

o desejo pelo mistério. se ele não houvesse, castrados seríamos. a tendência é transcender as certezas. buscar o desconhecido, o prazer do criar. superar o passado.


a cada instante nos deparamos com a primeira vez. o desejo pelo mistério nos mete medo. criamos hábitos para evitar o contato com a primeira vez. mas ao mesmo tempo é da primeira vez que conservamos as memórias mais marcantes. traumas? o novo nos vem sempre como desconforto, porém somos obsessivos para alcançá-lo




velhice...
um universo que se constrói a cada passo
o corpo envelhece engolindo novidades
não seria mais lógico nos tornarmos cada vez mais jovens?
sim, nos tornamos velhos pois o novo nos cansa
o novo nos desconserta, nos bate de frente
a todo momento somos levados a requestionar o que passou
ideal seria não questionar
assumir que o que passou é aquilo do mesmo que continuará passando
o ideal é mesmo envelhecer
e viver do que é passado
pra que mais desafios? pra que mais angustias? pra que continuarmos a ter medo do mistério?
melhor mesmo é se nunca evoluíssemos. se a tendência é envelhecer, que aceitemos.
envelhecemos até não nos restar nada além de poeira mansa, pousada sobre o solo, inerte.
a primeira vez, já foi a primeira e ponto. que eu não tenha que passar por ela denovo.
já não escolhi estar aqui, terei eu que escolher que caminhos que devo seguir?
esquece, já me esforcei a criar meus hábitos, me deixem com eles.
que sentido faz mudá-los? que burrice desfazê-los!
se a primeira vez dá tanto medo, que ela seja a última!