Na narrativa de si estamos sempre no meio. O movimento da vida são as correntezas por onde navegamos o corpo nunca ancorado em terra. O porto de partida nada tem de ponto de partida e o porto de destino há se ser imaginado.
Assim, encontramos a força motriz de evitarmos os monstros marinhos da projeção, desviarmos das tempestades intempestivas. Curarmos o escorbuto da solidão, ou apenas afagarmos suas feridas.
Certo dia o horizonte nos agraciará com excelentes alvoreceres. A aurora será sempre singular para cada ponto cardial sonhado, pois cada lua nascida nos modificará ao ponto de travar novamente um retorno aos nossos pensamentos.
A escrita de uma dedicatória implica em uma dedicação, um empenho. Dedicar-se a si mesmo - eis a escrita do sobrevivente que deriva em alto mar na esperança de novos arquipélagos, novas cartografias.
Que o percurso das narrativas se prefaciem no meio da obra. No meio da imensidão dos oceanos. Que a nossa infimidade expanda os mares e a distância dos portos. Que a nossa condição de navegante nos infinite por dentro.
É isso que dedico a mim mesmo a cada milha do corpo explorada, porém nunca colonizada. E todos os porvires dos mergulhos, das profundezas, para que minha pele vire musgo de outros corais.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
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