terça-feira, 18 de maio de 2010

(des)humano

textos antigos

Está escrito no velho livro que o papel do homem no mundo é fazer o bem. E a cada bem que fazemos, nossa alma se eleva para que depois possamos viver eternamente no paraíso desfrutando dos prazeres espirituais.
Isso soa lógico?
Para muitos é contraditório o fato de pregarmos o bem para somarmos nossos pontos-bônus na nossa alma que resulta na posse das chaves da suíte presidencial do mundo dos céus.
Repito, isso é lógico? Faz sentido? Não sei se lógico, mas faz todo o sentido. Nós, ateus graças à deus, vivemos desta mesma lógica. Só mudamos o cenário. Em vez de pensarmos na nossa suíte pós-morte, fazemos o bem para alimentarmos nossa consciência que, por fim, nos assossega.
É triste pra muita gente o que eu digo, mas o ser humano por natureza é um predador como todos os animais que tem por fim preservar a espécie; dotados da nossa super-arma, a que chamamos razão, na qual sem ela, somos mais frágeis do que insetos, que nos serve como destaque para dominarmos os outros seres, a nós mesmos e até nossa consciência. Mas como viver de consciência limpa e escondermos essa nossa fragilidade que atormenta qualquer ser pensante que quer se manter existindo? O contrapeso a qual chamamos de bem.
Matamos, porém ajudamos. Mandamos matar, mas não matamos. Destruimos, porém concertamos. Classificamos como inutil, para depois destruir. Odiamos, porém amamos. Amamos a nós mesmos, para amarmos o próximo. Dominamos, porém nos defendemos. Criamos a legítima defesa, para depois dominarmos.
Fazemos o bem para que ocultemos que somos na verdade maus. Acumulamos nossos pontos que abafam nossa condição podre de seres. Seres humanos.
Matar é mau? Mas entre matar ou morrer o que escolhemos? Queremos preservar o mundo ou a nós mesmos? E por que decidimos que matar é mau? Por sermos morais por natureza ou para preservar a nossa segurança e a segurança da nossa familia, evitar o caos?
Somos o lobo mau, o próprio demônio que criamos como conceito. O ser humano é desumano.
E eu sou só mais um. Sou pecador, pois trago a verdade. Por ser um (des)humano assumido.

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